O Povo -12.01.17 _ BC faz o maior corte na Selic em 5 anos e bancos seguem a redução

O Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), reduziu a taxa básica de juros (Selic) de 13,75% para 13% ao ano. O corte de 0,75 ponto percentual é o maior em cinco anos, levando a Selic ao menor patamar desde abril de 2015. Depois de comunicada a decisão, ainda ontem, os bancos começaram a seguir o corte, com Bradesco e Banco do Brasil anunciando redução em suas taxas. As demais instituições devem fazer o mesmo.

A notícia do terceiro corte seguido na Selic surpreendeu o mercado. Entretanto, segundo Guilherme Muchale, economista da Federação das Indústrias do Ceará (Fiec), já havia uma pressão de setores produtivos para que isso acontecesse em breve. Além disso, analisa, o Banco Central vinha adotando uma postura conservadora em suas decisões anteriores. “Isso fez com que o Brasil ficasse com uma taxa de juros real maior, na casa dos 9%, nos últimos quatro, cinco anos”.

O especialista atribui a forte queda a dois fatores principais: o ritmo ainda lento de recuperação da crise e a perda de força da inflação, confirmada hoje antes da conclusão da reunião do Copom com a divulgação de dados do IBGE. “A expectativa era que o Brasil conseguisse se recuperar no final do ano passado, mas isso não foi possível e há um semestre a inflação segue num ritmo descendente”, diz.

Muchale estima que, até o final de 2017, as taxas de juros devem cair e as próximas reuniões resultem em cortes intensos da Selic, principalmente neste primeiro semestre, podendo puxar a taxa para abaixo de 10% ao ano. “Isso (redução da Selic) é bom. É uma medida acertada que talvez ajude a melhorar os prognósticos da economia brasileira, cuja perspectiva é de crescer apenas 0,5% este ano”.

Com relação ao impacto no consumo, Honório Pinheiro, presidente da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), considera a medida “positiva”, considerando que as altas taxas de juros vem comprometendo o poder de compra das famílias. Por consequência, o comércio é prejudicado. “Essa queda não era esperada e a entendo como uma coisa muito boa. Junto da inflação abaixo da esperada, certamente irá construir uma confiança parcial”.

Diretor Técnico do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento do Comércio (IPDC) da Federação do Comércio do Ceará (Fecomércio-CE), Alex Araújo afirma que a redução pode até representar um alívio, mas isoladamente é uma medida ineficiente para estimular o consumo. “Com a redução, o mercado começa a acreditar que trazer a inflação para o centro da meta é viável. Dimininui a pressão de juros, mas não vai trazer grande impacto pras famílias, já que elas ainda passam por dificuldades para gerenciar o endividamento”, explica, destacando que o mais eficiente seria a ampliação do número de vagas no mercado de trabalho.

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