Encontro Herança Nativa: onde as raízes se mostram

Há quase uma década, o Sesc percorre o território cearense, localizando as raízes indígenas, quilombolas, sertanejas, ciganas e de diversos povos tradicionais. O Encontro Herança Nativa, que acontece pela quarta vez, entre 26 e 29 de agosto, em Iparana, é o momento em que estas comunidades vêm da sua terra-natal no sertão, nas serras e no litoral para mostrar as danças, cantos, rituais, comidas e artesanatos singulares de seu povo.

O contato entre pessoas que valorizam a memória social e preservam a própria cultura motiva outros povos a também reconhecer suas origens. A cada ano, são identificadas novas expressões da cultura tradicional do Ceará, acolhidas nesta rede motivada pelo Sesc e que guarda imensurável patrimônio cultural do estado.

Na reserva ecológica do Sesc em Iparana, durante quatro dias, o Sistema Fecomércio Ceará proporciona a realização de mais de cem atividades de educação popular com mestres da cultura, representantes das 13 etnias indígenas do estado, assim como líderes dos povos quilombolas e ciganos.

Os convidados conduzem a programação do Herança Nativa nas 39 Oficinas Saberes e Artesanias, entre elas a de fabricação do óleo de angico feita pelo povo indígena Anacé; de Leitura de Mão e Baralho, costume do povo cigano Calon de Sobral; de brinquedos indígenas, tradição do povo Jenipapo Kanindé.

As 27 Vivências dão aos participantes a oportunidade de experimentar os costumes nativos, como na trilha pela aldeia Jenipapo-Kanindé até a casa de farinha onde realizam o ritual Karu-ybi, que quer dizer “comida na mata”. Durante o sábado (27), acontece o Conversas Flutuantes, navegação de barco pela Foz do Rio Ceará em que líderes do movimento quilombola palestram sobre a espiritualidade negra, a capoeira, o artesanato e a resistência do povo negro.

Os Círculos de Cultura se dividem em quatro grandes reuniões em que os anciãos indígenas explicam os mistérios da cura espiritual, a ancestralidade e a violação de direitos dos povos tradicionais. Na mesa com os povos ciganos, é debatido o ensino da língua cigana, o chibi, em risco de desaparecer.

Moqueca de Arraia ao Molho Indígena, Balichon Clerdom no Agui, um prato cigano de porco assado na brasa, caracóis fritos feito pelos Tapeba, a rã frita com baião de dois dos Anacé são o cardápio das práticas alimentares, banquetes comunitários servidos no Herança Nativa.

As apresentações socioculturais celebram as danças e músicas e rituais, como o toré, a dança de São Gonçalo, as cantigas, reisado, cortejo dos bonecos gigante de Aracati, cantoria de repentistas, os violeiros ciganos, rabequeiros, entre outros.

Loiceiras do Ceará, as mestras do barro

Dia 28 de agosto, o Herança Nativa recebe, pela primeira vez, a participação de mulheres artesãs que produzem peças de barro, as loiceiras. No encontro, elas mostram os variados formatos, cores das panelas, brinquedos e peças de barro feitos em várias cidades: Amontada, Cascavel, Indendência, Ipu, Limoeiro do Norte, Monsenhor Tabosa, Viçosa do Ceará, Crato e Juazeiro.

Serviço:

Encontro Herança Nativa
Data: 26 a 29 de agosto
Local: Sesc Iparana Hotel Ecológico

Sobre os 70 anos do Sistema Fecomércio

Após o período da Segunda Guerra o Brasil passou por grandes desafios. O Estado não conseguia atender à crescente demanda por serviços sociais, nem acompanhar o novo contexto do mercado de trabalho. Deste modo, em maio de 1945, representantes empresariais da indústria, comércio e agricultura, realizam em Teresópolis, a primeira Conferência das Classes Produtoras (CONCLAP). Nesse encontro elaboram uma proposta ousada de custeio dos serviços sociais e da educação profissional para os trabalhadores com recursos das classes patronais. A Carta da Paz Social foi o documento que formalizou as diretrizes para o desenvolvimento econômico com justiça social. Nascia assim, a partir da iniciativa do empresariado, o Sistema S, o maior Sistema de desenvolvimento social do mundo.

No Ceará, em 16 de março de 1948, o empresário Clóvis Arrais Maia fundou a Federação do Comércio com a finalidade de unir lideranças do setor para colaborarem com a educação profissional e a qualidade de vida dos trabalhadores. No mesmo ano, a Fecomércio implanta o Sesc e o Senac instituições mantidas pelos empresários do comércio que ofertam serviços sociais e educam para o comércio de bens, serviços e turismo.

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