Sejam bem-vindos à casa de Mestre Antônio Luiz, museu do reisado de couro de Potengi

A casa simples na roça passa a ser reconhecida como um lugar importante para a memória do povo cearense. Seu dono, um agricultor, tem a autoridade de ser um mestre da cultura, que recebe visitantes para falar sobre as tradições que aprendeu ainda na infância. Com o apoio do Sesc e da Fundação Casa Grande, a morada do Mestre Antônio Luiz de Souza, no Sítio Sassaré, a quatro quilômetros do centro de Potengi, é agora identificada como um museu orgânico, onde o Reisado de Couro dos Caretas, cultura quase secular no Cariri, pode ser conhecida por todos que desejarem uma experiência de turismo antropológico.

Enfeitando as paredes da sala de visitas, estão as fotografias deste folguedo que faz parte da vida de Antônio Luiz desde 1975, quando entrou para o reisado. Também estão expostos os instrumentos musicais e as dez máscaras dos caretas: o Velho Bacurau, a Velha Quitéra, o boi, a burrinha, o urubu, o jegue, o carneiro, o cavalo e a ema, personagens do reisado que todos os anos ganham vida no terreiro do Mestre sempre nas Festas de Reis.

Catolicismo e elementos da paisagem sertaneja se misturam para compor esta brincadeira presente em todo o Nordeste. No período natalino, o festejo de reisado ganha força, como em Portugal, de onde veio o cortejo em louvação aos Reis Magos. No Cariri cearense, os brincantes de Potengi evocam os disfarces usados pelos três reis para escapar do Herodes com as máscaras que fazem com a madeira de mulungu, uma árvore da caatinga, e os adornos de couro de bode.

Violão, zambumba, pandeiro e triângulo conduzem os movimentos caretas, que emitem sons no decorrer dos entremeios, pequenas encenações com as figuras do reisado. Quem sabe as sequências da brincadeira e a arte de esculpir as máscaras é Antônio Luiz, que tem na memória há quatro décadas o que aprendeu com os mestres que brincavam antes dele.

“Eu comecei sendo brincante de um senhor de Potengi, por nome de Chagas. Eu ficava brincando e prestando atenção como era que ele chamava as figuras, porque essa brincadeira nossa é chamada, não é cantada, e eu aprendi de cabeça, porque não sei ler”, diz o mestre. O primeiro dos 16 museus orgânicos que receberão a chancela do Sesc e da Fundação Casa Grande, foi inaugurado na ultima terça-feira,(18).

Sobre os 70 anos do Sistema Fecomércio

Após o período da Segunda Guerra o Brasil passou por grandes desafios. O Estado não conseguia atender à crescente demanda por serviços sociais, nem acompanhar o novo contexto do mercado de trabalho. Deste modo, em maio de 1945, representantes empresariais da indústria, comércio e agricultura, realizam em Teresópolis, a primeira Conferência das Classes Produtoras (CONCLAP). Nesse encontro elaboram uma proposta ousada de custeio dos serviços sociais e da educação profissional para os trabalhadores com recursos das classes patronais. A Carta da Paz Social foi o documento que formalizou as diretrizes para o desenvolvimento econômico com justiça social. Nascia assim, a partir da iniciativa do empresariado, o Sistema S, o maior Sistema de desenvolvimento social do mundo.

No Ceará, em 16 de março de 1948, o empresário Clóvis Arrais Maia fundou a Federação do Comércio com a finalidade de unir lideranças do setor para colaborarem com a educação profissional e a qualidade de vida dos trabalhadores. No mesmo ano, a Fecomércio implanta o Sesc e o Senac instituições mantidas pelos empresários do comércio que ofertam serviços sociais e educam para o comércio de bens, serviços e turismo.

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