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José Motta Filho: “Fomos empurrados do analógico para o digital”

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José Motta Filho: “Fomos empurrados do analógico para o digital”

Dentre os inúmeros impactos sobre o setor educacional, a pandemia acabou criando um ambiente propício para o surgimento de novas ideias, como a aplicação de metodologias de ensino que, até então, sofriam resistência para serem adotadas. Para o professor José Motta Filho, diretor de Educação da Moonshot Educação e da Silicon Valley, a crise na saúde deu aos professores uma grande “oportunidade no meio do caos” para promover mudanças na educação.

“Mesmo antes da pandemia nós tentávamos deixar a nossa marca. Encontrávamos um mundo complexo, hiperconectado, em frenético movimento mas, quando o professor pensa em mudar o mundo, ele tem que mudar as pessoas para que elas possam mudar o mundo ao seu redor”, disse Motta Filho durante a palestra “Tecnologias Educacionais Emergentes”, realizada na quinta-feira (25), no segundo dia do II Congresso de Educação promovido pelo Sistema Fecomércio, através do Sesc e Senac.

“O ano de 2020 foi um ano mágico para a educação. Os professores nunca conversaram tanto e, assim, conseguimos algum benefício para a educação em meio a esse caos. A pandemia fez com que as pessoas tivessem que tomar providências”, disse o palestrante. “A escola precisou fechar as portas para aprender”.

Manual para crises

Se em março do ano passado, quando tiveram início as primeiras restrições ao funcionamento das escolas, o clima era de improviso, sobretudo quanto ao uso de novas ferramentas de transmissão de conteúdo on-line, hoje, o setor educacional se mostra mais preparado para conduzir o processo de ensino, mesmo diante da possibilidade de fechamentos inesperados das escolas.

“No ano passado, os gestores e professores não tinham um manual de instruções para a pandemia. Talvez nós estejamos escrevendo agora esse manual. Já temos, por exemplo, os pareceres do que deve ser feito no ensino fundamental”, diz Motta Filho, que além de palestrante é consultor em Metodologias Ativas.

Apesar da variedade de ferramentas tecnológicas que podem ser adotadas em sala de aula, o palestrante diz que muitas vezes o próprio professor, confiante no seu método de ensino, acaba resistindo em adotar novas práticas. Motta Filho contou que ele mesmo só percebeu que havia algo de errado nas suas aulas quando percebeu que, apesar de seus esforços, não conseguia mais despertar o interesse dos alunos. E foi a partir daí que decidiu pela tecnologia para interagir com eles.

“Os professores resistiram à incorporação do tecnológico na sala de aula, mas a pandemia empurrou todo mundo para a tecnologia porque não havia mais o que fazer”, diz Motta Filho. “A educação foi empurrada do jeito analógico para o jeito digital de fazer as coisas”. Entretanto, ele faz questão de reforçar que a tecnologia deve ser tratada sempre como um meio e nunca como o fim. “A internet é apenas a maneira de chegar à maior parte das casas do planeta”.

Aluno protagonista

No modelo de ensino chamado de “educação 4.0”, o professor deve deixar de ser o ator principal em sala de aula, passando o protagonismo para o aluno, diz Motta Filho. Nesse modelo, o professor se torna um mediador e o aluno deixa de ter uma postura passiva perante o conteúdo. Para isso, o professor precisa dominar novas estratégias de ensino aliando-as às que já adota como “professor tradicional”.

“Tecnologia não é transformar livros físicos em PDFs, mas é criar formas que permitam ao aluno interagir como professor”, ele diz. “A escola precisa se conectar com o aluno, a sala de aula precisa estar conectada com o aluno. A educação tem como premissa básica a relação entre pessoas. Então, no mínimo, o professor precisa conhecer os seus alunos, seja na educação básica ou na pós-graduação”.

Embora seja defensor do uso de recursos tecnológicos, Motta Filho destaca três características que todo bom professor deve cultivar: amar o que faz; entrar em sala com entusiasmo, seja aula presencial ou remota; e fazer com que o aluno coloque a mão na massa. “Discurso, giz e pen-drive não bastam mais. O professor precisa ir além. Não temos mais tempo para perder tempo. Precisamos fazer a reviravolta que a educação precisa”, ele diz.

As metodologias ativas, propostas por Motta Filho, compreendem a tecnologia como ferramenta para conectar pessoas. “Os professores precisam dominar metodologias inovadoras. Mas precisa estudar e executar para ver o que dá certo. A metodologia sobrevive sem a tecnologia mas, em 2021, eu preciso considerar a tecnologia como um elemento para potencializar a aprendizagem”, ele diz. “Não existe forma única de aprendizagem. Mas o discurso único do sistema tradicional, não tem como entrar de forma uniforme na cabeça dos alunos”.

Serviço

Nesta sexta-feira (26), último dia de Congresso, serão realizadas duas palestras. Às 17 horas, Izolda Cela, professora, psicóloga e vice-governadora do Ceará, fala sobre Formação Integral: Case de sucesso “Virando o Jogo”. E às 18 horas, será realizada a palestra de encerramento com Eduardo Shinyashiki, consultor organizacional e especialista em desenvolvimento das Competências de Liderança e Preparação de Equipes. O tema será “Competências socioemocionais na educação – integração entre o sentir e o aprender”.

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