O que até pouco tempo atrás era considerado algo distante ou impensável acabou se tornando realidade durante a pandemia. Diante de novas necessidades e da urgência em supri-las, foi preciso inovar, mudar a mentalidade e se adaptar. “Em 2019 os desafios eram outros e quando entramos em 2020 vimos um cenário completamente diferente”, disse Eduardo Shinyashiki, durante a palestra de encerramento do II Congresso de Educação promovido pelo Sistema Fecomércio, através do Sesc e Senac.
“Muitas vezes, as pessoas ficam brigando com os cenários. Há o medo de inovar, mas a pandemia mudou completamente essa mentalidade. O que parecia impossível hoje é uma realidade”, disse Shinyashiki, consultor organizacional e especialista em desenvolvimento das Competências de Liderança e Preparação de Equipes. Em sua palestra, ele abordou as competências socioemocionais na educação – integração entre o sentir e o aprender.
Se para alguns, o ano de 2020 foi um ano perdido, para outros foi um período favorável ao desenvolvimento de competências socioemocionais. “Todos os dias temos a oportunidade de nos aprimorarmos. Então, faça o inesperado, faça aquilo que parecia impossível até que aquilo se torne realidade”, disse. “Dar aula presencial é uma coisa, dar aula no ensino híbrido é outra coisa. A pandemia deu para a gente esse convite, de desenvolver novas aptidões”.
“Foi um ano em que enfrentamos grandes adversidades, e nos reinventamos. Foi um dos anos em que houve mais desenvolvimento, mais capacitação, mais aptidões. Nós tivemos a possibilidade de nos colocarmos no lugar de tantos educadores. De pais que perderam seus empregos, de crianças que se sentiram distantes desse acolhimento que o professor dá a elas”.
Competências socioemocionais
Shinyashiki enumerou quatro grandes competências para o desenvolvimento socioemocional: “pessoal”, relacionado ao protagonismo; “social”, relacionado à cooperação; “cognitivo”, referente às estratégias; e “produtivo”, referente a ação. “A missão de cada um de nós é surpreender, encantar e entusiasmar”, disse para os professores. “E o nosso desafio é fazer com que as pessoas que se aproximam de nós possam usar a nossa competência para alcançar seus desejos e realizações”.
Inclusão na escola
O terceiro dia de palestras contou com a participação da professora e psicóloga Izolda Cela, vice-governadora do Ceará, que falou sobre Formação Integral, abordando o programa “Virando o Jogo”, uma política pública do Governo do Estado que desenvolve atividades de cunho social, cultural, esportivo e de qualificação profissional, além de incentivar os jovens para retornarem à escola, e que tem entre seus parceiros o Sesc e o Senac.
Izolda Cela destacou a importância da inclusão do jovem na escola como forma de ajudá-lo a superar situações de dificuldades e afastá-lo da violência. “Sabemos que tem uma parte importante da juventude que fica à margem, ficando em uma situação de vulnerabilidade social, que faz com que as pessoas corram o risco de se desencaminhar e serem cooptadas”, disse a vice-governadora.
Segundo Izolda Cela, pesquisas apontam que apenas o fato de terminar o ensino médio já faz uma grande diferença na vida do jovem. “O risco do abandono escolar, que é um sinal de alerta, está presente na maioria daqueles jovens que sofreram graves problemas”, ela diz. “O projeto busca ampliar as capacidades dos jovens, fortalecendo a cidadania e criando oportunidades. É preciso fortalecer os vínculos familiares e com a sociedade”.
Além da importância da atenção aos jovens, a vice-governadora destacou o “Programa Mais Infância”, cujos impactos na criança apresentam reflexos durante toda a vida. “As primeiras vivências ficam para o resto da vida. E, quando o enredo começa ruim, aquilo vai ter grande repercussão”, diz.
Evento
Durante três dias, o Congresso também contou com a palestra do pedagogo português José Pacheco, um dos fundadores da Escola da Ponte, e do professor José Motta, consultor especialista em Metodologias Ativas de Ensino. O II Congresso de Educação do Sistema Fecomércio teve como tema “Inteligência Emocional em Tempos Adversos e a Atuação Docente”.