Cai o número de consumidores com dívidas em atraso

A Pesquisa do Endividamento do Consumidor de Fortaleza, realizada em outubro de 2019, indica que 63% dos consumidores da capital cearense possuem algum tipo de dívida. O índice veio +2,9 pontos percentuais acima do indicador do último mês de setembro (60,1%), e superior ao verificado no mesmo mês do ano passado (50,9%).

A proporção de consumidores com contas ou dívidas em atraso caiu -1,3 pontos percentuais, passando de 20,2% dos consumidores em setembro para 18,9% neste mês. Os problemas financeiros afetam mais os homens (22,1% dos entrevistados desse gênero afirmaram possuir contas em atraso), os consumidores do grupo com idade entre 25 e 34 anos (21,1%) e do estrato com renda familiar abaixo de cinco salários mínimos (20,3%).

Diferença entre endividamento e inadimplência
Todo inadimplente está endividado, mas nem todo endividado está inadimplente. Quando uma pessoa realiza um financiamento bancário ou tem contas no cartão de crédito, por exemplo, ela assume dívidas. No entanto, o que diferencia o endividado do inadimplente é o pagamento dessa dívida. Quem tem contas parceladas e realiza o pagamento em dia, significa que está endividado. Já quem contrai uma dívida e não consegue realizar o pagamento em um prazo de 90 dias é considerado inadimplente.

O tempo médio de atraso é de 74 dias e a principal justificativa para o não pagamento das dívidas é o desequilíbrio financeiro - a diferença entre a renda e os gastos correntes — citado por 63% dos consumidores. O segundo motivo mais citado é o adiamento por conta do uso dos recursos em outras finalidades, com 29%, seguido da contestação da obrigação (8,8%).

Comprometimento da renda
Em Fortaleza, 63% dos consumidores possuem algum tipo de dívida. Os instrumentos de crédito mais utilizados pelos consumidores são: cartões de crédito, citados por 78,4% dos entrevistados; financiamento bancário (veículos, imóveis etc.), com 14,2%; empréstimos pessoais, com 8,3%; carnês e crediários, com 7%; e cheque especial, com 3,1%.

O consumidor utilizou o crédito para: consumo de itens de alimentação (53,5% das respostas); realização de despesas de educação e saúde (39,0%); aquisição de eletroeletrônicos (32,4%); e compra de artigos de vestuário (27,6%). O valor médio das dívidas está estimado em R$ 1.492, com prazo médio de sete meses, comprometendo 39,7% da renda familiar dos consumidores com o seu pagamento — uma leve queda em comparação com o mês passado, no qual a renda era comprometida em 40,6%.

Mesmo com o valor médio das dívidas menor do que no mês anterior, o consumidor ainda tem tido problemas com a gestão do orçamento doméstico. Dentre os motivos apontados, estão o desemprego e a queda da renda familiar.

Inadimplência potencial
O perfil do consumidor inadimplente mostra preponderância do grupo de consumidores do sexo masculino (inadimplência potencial de 10,3%), com idade acima de 35 anos (10,3%) e renda familiar inferior a cinco salários mínimos (9,8%).

A taxa de inadimplência potencial, ou seja, a proporção de consumidores que não terão condições financeiras para honrar seus compromissos, teve aumento de 0,6 ponto percentual, passando de 8,5% em setembro para 9,1% neste mês. Apesar do aumento relativo, a taxa está abaixo do patamar observado no mesmo mês do ano passado (9,9%).

Orçamento familiar
A Pesquisa de Endividamento também revela que 79,8% dos consumidores de Fortaleza afirmam fazer orçamento mensal e acompanhamento eficaz dos seus gastos e rendimentos, o que contribui para um melhor controle dos níveis de endividamento. Dos entrevistados, 12,8% relataram que fazem orçamento dos rendimentos, mas sem controle eficaz dos gastos e 7,4% informaram não possuir orçamento e tampouco controle dos gastos — índice com leve queda em comparação com setembro (9,3%).

A falta de planejamento orçamentário é um problema crítico para o controle do endividamento, estando sempre entre um dos principais motivos para o atraso ou inadimplência. Dentre os fatores que os consumidores consideram que mais contribuem para esse problema, listam-se: a falta de orçamento e controle dos gastos, com 44,6%; o aumento dos gastos considerados essenciais, com 19,7%; desemprego, com 19,3%; redução dos rendimentos, com 17,5%; gastos imprevistos, com 16,5%; as compras por impulso, sem necessidade ou além do necessário, com 16,4%; e compras antecipadas, com 6%.

Sobre o Instituto
O IPDC, instituição integrante do Sistema Fecomércio, é responsável pela elaboração de estudos e pesquisas, sobretudo de viés econômico, fornecendo dados referentes ao comportamento do consumidor. As informações do IPDC auxiliam nas ações de planejamento e desenvolvimento das empresas.

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