Dois em cada três consumidores de Fortaleza possuem dívidas

Neste mês de abril, a Pesquisa sobre Endividamento do Consumidor de Fortaleza, realizada pela Federação do Comércio do Estado do Ceará (Fecomércio-CE), revela que 66,7% dos consumidores da capital cearense possuem algum tipo de dívida. O índice veio +3,7 pontos percentuais acima do indicador do último mês de março (63,0%), sendo a taxa mais elevada deste ano.

A proporção dos consumidores com contas ou dívidas em atraso teve queda de -0,9 pontos percentuais, passando de 23,0%, em março, para 22,1% neste mês. Os problemas financeiros afetam mais as mulheres (23,2% dos entrevistados desse grupo afirmaram possuir contas em atraso), os consumidores do grupo com idade superior a 25 anos (23,3%) e do estrato com renda familiar abaixo de cinco salários mínimos (23,9%).

A crise econômica que afeta o país trouxe muitas dificuldades para o gerenciamento das dívidas pelo consumidor, colaborando para a perda da qualidade do crédito e desequilíbrio dos orçamentos familiares. O ponto mais crítico foi atingido em junho de 2016, quando a taxa de consumidores com contas em atraso atingiu o pico de 28,1%. No segundo semestre do ano passado iniciou-se um movimento de acomodação gradual, que continua neste início de ano.

O tempo médio de atraso é de 64 dias e a principal justificativa para o não pagamento das dívidas é o desequilíbrio financeiro - a diferença entre a renda e os gastos correntes – citado por 64,6% dos consumidores. O segundo motivo mais citado é o adiamento por conta do uso dos recursos em outras finalidades, com 32,2%, seguido da contestação da dívida (10,4%).

Comprometimento da renda
Em Fortaleza 66,7% dos consumidores possuem algum tipo de dívida. Os instrumentos de crédito mais utilizados pelos consumidores são: cartões de crédito, citados por 82,0% dos entrevistados; financiamento bancário (veículos, imóveis etc.), com 13,1%;carnês e crediário, com 9,0%; e empréstimos pessoais, com 8,6%.

O consumidor utilizou o crédito para:
• Consumo de itens de alimentação (57,3% das respostas);
• Realização de despesas de educação e saúde (37,3%);
• Aquisição de eletroeletrônicos (35,8%); e
• Compra de artigos de vestuário (32,7%).

O valor médio das dívidas é estimado em R$ 1.414, com prazo médio de sete meses, comprometendo 38,2% da renda familiar dos consumidores com o seu pagamento.

Inadimplência potencial
A taxa de inadimplência potencial, ou seja, a proporção de consumidores que não terão condições financeiras para honrar seus compromissos, teve redução de -1,5 pontos percentuais, passando de 10,2%, em março, para 8,7%, neste mês. Esse resultado é superior à taxa de abril do ano passado (8,0%), mas inferior à média dos últimos doze meses (9,5%), indicando uma acomodação do indicador.

O perfil do consumidor inadimplente mostra preponderância do grupo de consumidores do sexo feminino (inadimplência potencial de 9,0%), com idade acima de 35 anos (10,3%) e renda familiar inferior a cinco salários mínimos (9,7%).

Orçamento familiar
A Pesquisa de Endividamento também revela que 75,3% dos consumidores de Fortaleza afirmam fazer orçamento mensal e acompanhamento eficaz dos seus gastos e rendimentos, o que contribui para um melhor controle dos níveis de endividamento. Dos entrevistados, 13,8% relataram que fazem orçamento dos rendimentos, mas sem controle eficaz dos gastos e 10,9% informaram não possuir orçamento e tampouco controle dos gastos.

A falta de planejamento orçamentário é um problema crítico para o controle do endividamento, estando sempre entre um dos principais motivos para o atraso ou inadimplência. Dos fatores que os consumidores consideram que mais contribuem para esse problema, listam-se:

• A falta de orçamento e controle dos gastos, com 35,2%;
• As compras por impulso, sem necessidade ou além do necessário, com 28,8%;
• O aumento dos gastos considerados essenciais, com 25,2%;
• Compras antecipadas, com 20,7%;
• Redução dos rendimentos, com 15,6%; e
• Desemprego, com 14,1%.

Saiba mais
O Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento do Comércio (IPDC) da Fecomércio-CE foi criado para suprir a ausência de informações práticas e de dados estatísticos confiáveis que auxiliassem as ações de planejamento e de desenvolvimento das empresas do segmento de comércio de bens, serviços e turismo. O Instituto realiza e desenvolve pesquisas, sobretudo, de viés econômico, fornecendo dados referentes ao comportamento do consumidor, a situação econômica do comércio local e as tendências de mercado e de consumo dos fortalezenses.

A pesquisa de Endividamento é realizada mensalmente e tem como objetivo indicar a capacidade de endividamento do consumidor de Fortaleza, visando conhecer o comprometimento financeiro desse, em relação ao comércio local. Quatro indicadores distintos são verificados nessa pesquisa: Taxa de Consumidores com Contas ou Dívidas em Atrasos; Taxa de Comprometimento da Renda do Consumidor; Taxa de Inadimplência em Potencial e Planejamento Financeiro e Orçamento Familiar. Mensalmente, cerca de mil consumidores da região metropolitana de Fortaleza são entrevistados pelo IPDC para a realização desta pesquisa.

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