Luiz Gastão Bittencourt faz balanço da sua gestão na Fecomércio Ceará

Em entrevista exclusiva, o presidente licenciado do Sistema Fecomércio Ceará e vice-presidente nacional da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Luiz Gastão Bittencourt da Silva, fala sobre sua atuação na Fecomércio, Sesc e Senac no Ceará, e sobre a continuidade de sua missão ao assumir a vice-presidência na CNC.

1. Qual a importância do Sistema Fecomércio, não só para os empresários, mas também para os trabalhadores?

Luiz Gastão Bittencourt - Agradeço a oportunidade de estar aqui, trocando ideias sobre esse Sistema que não só é apaixonante, mas que faz parte e sempre fará parte da minha vida, eu que tive o prazer de estar muito tempo a frente dele, aqui no Ceará. O primeiro papel do Sistema Fecomércio é o da representação, é o de estar representando as empresas do segmento do comércio de bens, serviços e turismo; buscando dar competitividade, transparência e, acima de tudo, fazendo com que o ambiente de concorrência seja legal entre as empresas.
E os dois braços sociais que nós temos, o Sesc e o Senac. O Senac, da formação profissional, estamos concluindo as obras, que vamos inaugurar em breve, uma das unidades mais modernas do Brasil, fazendo com que a educação profissional no Ceará esteja acompanhando o que há de melhor na formação profissional, não só do Brasil, mas do mundo também. E o Sesc, que possui todas essas ações de esporte, cultura, lazer, educação e promoção social, propiciando aos comerciários, principalmente àqueles de baixa renda, que possam ter acesso a todos esses atrativos.

2. Ao longo dos anos o comércio mudou e as pessoas mudaram, com novas tecnologias que são utilizadas na vida de todo mundo e do comércio também. Como a Fecomércio fez para se aproximar dessa nova realidade, ouvir essas demandas e colocar em prática?

Luiz Gastão Bittencourt - Este ano vamos ter o Sicomércio, um grande congresso que auto regulamenta as atividades comerciais. Nós estamos buscando fazer com que a nossa organização sindical possa ser adaptada a isso. E no âmbito da Confederação, criamos as câmaras setoriais, as convenções coletivas de trabalho que, só nós sindicalistas, podemos fazer. E dentro disso, estamos também buscando trabalhar para criar modelos de acompanhamento das empresas.

3. Hoje vemos uma discussão muito grande em nível federal sobre os sindicatos, essa discussão tem alguma repercussão na Fecomércio?

Luiz Gastão Bittencourt - Total, porque a nossa base é extremamente sindical. Nós somos os representantes empresariais sindicais. E é esse o ponto que vamos tratar no Sicomércio, em agosto. A relação capital e trabalho é um papel nato do sindicalismo, acontece que realmente precisamos avançar, mas eu defendo que tem que ter o subsídio, porque se não tiver o financiamento não tem a representação.

4. O que o senhor pontuaria de mais expressivo durante a sua gestão no Sistema Fecomércio Ceará?

Luiz Gastão Bittencourt - É difícil. Eu poderia destacar, no âmbito do Senac, as implantações dos itinerários formativos e dos eixos tecnológicos. Nasceu aqui no Ceará e hoje passou a ser um modelo para o Brasil inteiro. Eestamos fazendo cursos com itinerários formativos, entendendo que uma pessoa pode começar a fazer um curso, por exemplo, de cortar cabelo, e depois ela pode voltar e fazer um curso de pintar cabelo, maquiagem, ou seja, ela vai fazendo itinerários dentro da Moda e Beleza, se profissionalizando e ampliando o seu conhecimento na sua profissão. Quando você vai para o âmbito do Sesc, temos o maior programa de assistência social do País, o Mesa Brasil. Começamos com o Amigos do Prato, depois unificamos dentro desse programa nacional e hoje temos o segundo maior banco de alimentos em números, e o primeiro em ações, porque nós não só pegamos o alimento e destinamos a quem está precisando, nós treinamos as pessoas que recebem esses alimentos e, com isso, você embute também uma cultura do fazer mais gastando menos, e de que você pode evitar o desperdício em tudo. Então essa ação educativa é tão ou mais importante do que a própria doação do alimento. E dentro de um processo de educação, hoje temos alguns alunos que começaram a estudar no Sesc, passaram para a Esem, que é a nossa Escola Sesc de Ensino Médio nacional, e terminaram o ensino médio dentro do Sesc. Então você poder propiciar com que a pessoa tenha a universalidade do ensino, e já sair com uma outra condição para o mercado de trabalho, é fantástico, sem contar com as ações culturais. Temos dois grandes eventos o da Mostra Sesc Cariri de Culturas (...)

5. A Mostra Cariri inclusive inspirou a Virada Cultural.

Luiz Gastão Bittencourt - A Mostra Sesc Cariri de Culturas vai além da junção dos espetáculos, ela trata da reorganização do papel da cultura. O evento propiciou um avanço na identificação das diversas culturas e no reconhecimento dos mestres da cultura. Tanto que estamos com construindo 16 museus orgânicos no Cariri. Do mesmo jeito que temos o Encontro Sesc Povos do Mar, que juntamos todos os povos do litoral do Ceará, com todas as suas crenças, culturas e ações. Muitas vezes propiciamos o encontro e reencontro desses atores, ou seja, uma rendeira do Aquiraz que se encontra com uma rendeira que tem uma história similar e é de outra região do Estado.

6. Diante de tantos avanços, mas frente a um cenário incerto, onde uma crise econômica se arrasta já a muito tempo, qual é a perspectiva para os próximos anos? Como o senhor analisa esse cenário?

Luiz Gastão Bittencourt - Sou otimista por natureza, acredito que os cenários são excelentes. Nós temos, principalmente no Sistema Fecomércio do Ceará, uma equipe comprometida e apaixonada pelo que faz. Estamos unificando as atividades do Sesc e do Senac para melhorar a performance, diminuir os custos e melhorar a eficiência, então a governança que está sendo implementada no Sistema Fecomércio do Ceará está servindo de modelo para outros estados, que tem vindo aqui conhecer o que estamos fazendo.

7. Com toda essa experiência, o trabalho que foi desenvolvido no Ceará que virou modelo, o que o senhor levou daqui para a Confederação?

Luiz Gastão Bittencourt - A vontade de continuar trabalhando em prol do empresariado, em prol desse Sistema. Hoje, tanto no Sesc quanto no Senac, 80% da arrecadação fica no estado de origem e 20% fica no nacional. Esses 20% que fica no nacional são redistribuídos prioritariamente para os menores estados do Brasil e você tem condição de fazer com que os serviços sejam da mesma qualidade, da mesma eficiência. Você levar isso, principalmente para o interior desse Brasil e para as pessoas mais necessitadas, essa experiência e a multiplicação fazendo mais gastando menos, e criando uma escala nesse serviço, é fundamental para o Brasil.

8. O senhor falou uma frase que achei muito interessante, todos os gestores de sucesso pensam isso, é a questão de fazer mais com menos. Isso é uma boa gestão.

Luiz Gastão Bittencourt - Sem sombra de dúvidas, e principalmente o reconhecimento que para fazer mais gastando menos só é possível com parceria, só é possível com todas as outras instituições trabalhando em conjunto, complementando as ações do outro e nunca querendo passar por cima das ações dos outros.

Confira a íntegra da entrevista aqui.

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