O futuro da educação em debate no segundo dia do I Congresso de Educação Sesc e Senac

A música e poesia do grupo Brigada da Natureza anunciaram o início da programação do segundo dia do I Congresso de Educação Sesc e Senac, na última sexta-feira (28). O grupo é formado por crianças e adolescentes da região de Iparana (Caucaia) e acontece através de uma parceria entre a ONG Aquasis e o Sesc. Reunindo cerca de mil participantes, entre educadores e técnicos do Sistema Fecomércio no Ceará e em outros estados e convidados da rede de ensino do Ceará, o congresso seguiu suas atividades com o tema central das metodologias e inovação na educação.

A primeira palestra do dia foi do CEO do Fab Lab Recife, Edgar Andrade. Em sua apresentação, Edgar abordou a importância de criar experiências capazes de incitar novas descobertas. Ele também falou sobre a sociedade baseada no consumo e em como ela gera uma crise de valores, apontando que, embora aconteçam mudanças importantes em todos os setores, “mudar o mundo só será possível através da educação”. O palestrante defendeu que não é a tecnologia que vai operar essa mudança, mas as pessoas, pontuando a necessidade de que as escolas se preocupem em desenvolver habilidades como criatividade, adaptabilidade e colaboração e em buscar o engajamento, empoderamento e autonomia das crianças e jovens. Edgar defendeu que é preciso “se preocupar menos com o conteúdo que está sendo ensinado e mais com o sentido daquilo que está sendo ensinado”, se referindo ao fato de que hoje existe muita informação disponível e que é necessário ajudar os estudantes a pensar o que fazer com o que for aprendido.

Ainda durante a manhã, aconteceram três workshops: “Metodologias ativas e a ação docente”, ministrado por Janaynna Tavares, empreendedora, consultora e fundadora do Laboratório Educação do Futuro; “Fator UAU – Criatividade”, com Denilson Shikako, músico, cientista e CEO da Fábrica de Criatividade, e “Cultura Maker”, ministrado pelo palestrante, escritor, professor, consultor e mentor Marcus Garcia. No auditório principal, os congressistas participaram de um cine debate sobre o filme O Jogo da Imitação, conduzido pela psicóloga, gestora escolar e professora Najla Giffoni.

À tarde, os participantes do congresso dividiram-se para assistir a duas mesas redondas. Na primeira, o tema “Formação de Professores para a Inovação” foi debatido por Flávio Muniz e a professora Bernadete Porto, com mediação de Francisco Lindomar de Silva. Durante sua apresentação, a professora Bernadete disse que “a maior inovação que pode ser feita na sala de aula é recuperar o sentido primitivo de troca de saberes”, ressaltando a necessidade de valorizar as contribuições e saberes dos alunos.

Na segunda mesa, a temática foi “Realidade Virtual e Aumentada como Proposta de Ensino”, com a apresentação de Renato Rodrigues e do professor Frederico Augusto Amorim e mediação de Mara Rubia Sampaio. Na ocasião, os palestrantes fizeram um apanhado histórico da evolução de algumas tecnologias que hoje podem ser integradas à sala de aula e mostraram opções gratuitas para usar a tecnologia como meio de tornar o ensino mais envolvente e significativo.

A palestra que encerrou a programação foi de Ronaldo Mota, diretor científico da Digital Pages, membro da Academia Brasileira de Educação e ex-secretário da Educação Superior do Ministério da Educação (MEC). Ronaldo ressaltou que as transformações trazidas pelas tecnologias no âmbito da produção e difusão de conhecimento é comparável à revolução iniciada com o surgimento dos livros impressos, no século XV. Ele chamou atenção para as possibilidades de aprendizado trazidas pela facilidade de acesso à informação: “hoje temos um universo muito mais amplo, em que todas as pessoas aprendem o tempo todo”. O conferencista argumentou que, nesse contexto, “o maior desafio do século XXI para a área do ensino é desenvolver a capacidade de aprender continuamente, de aprender a aprender”. Ronaldo afirmou que a realidade da educação hoje já carrega muitas iniciativas que apontam para o que virá adiante: “A educação do presente ainda contém traços de um passado que se recusa a ir embora, mas também tem traços de um futuro que já está chegando”.

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