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Artigo – Novo Momento para a Educação Profissional
Artigo – Novo Momento para a Educação Profissional
Por index
22 de julho de 2021

No início de 2021 uma matéria me chamou atenção, “O ensino presencial não vai mais existir”, afirma CEO da Ser Educacional, confesso que a afirmação tão incisiva me intrigou, estaria ele realmente preocupado com o futuro da educação, onde os estudantes podem experimentar um tipo de ensino que permita estar em uma sala de aula sem ser necessariamente dentro de quatro paredes, ou ele entendeu que o ensino remoto o proporcionou mais lucros uma vez que ele pode colocar 100 alunos em uma sala pagando hora aula de apenas um professor? Entre outros benefícios, como limpeza de salas, energia, água e manutenção…

Seria esse o futuro da educação profissional também? Todos os alunos em casa, em ambiente exclusivamente remoto, usando simuladores virtuais, óculos de realidade virtual, óculos de realidade aumentada, ambientes virtuais que simulam os ambientes reais de trabalho, simulações e palestras por hologramas, gamificação de atividades e projeto que levem o aluno a resolver e desenvolver soluções para os problemas apresentados pelo mercado, sem contar com aplicativos gratuitos, acessíveis a qualquer professor, que permitem maior interação, estímulos à aprendizagem e às chamadas metodologias ativas que colocam o aluno como centro do processo de ensino aprendizagem. Esse cenário inovador e futurista da educação não é tão distante, tais técnicas e tecnologias já existem e muitas delas já estão acessíveis, entretanto, por que apesar dessa gama de possibilidades no ensino à distância, os alunos estão cansados do ensino remoto?

O relatório da Unicef sobre ensino remoto em 2020 afirma que uma a cada três pessoas em idade escolar não consegue acessar às aulas remotas. Podemos pensar que tal cansaço também passa pela desigualdade digital, ou os “sem wi-fi”, muitos alunos em dificuldade de acessar às aulas, interagir com os professores nos momentos síncronos, o professor por sua vez não sabe se o aluno está realmente “presente”, seu login está lá, mas ele pode estar navegando na internet, nas redes sociais, cuidando dos irmãos mais novos, dos afazeres domésticos enquanto a mãe trabalha, e isso também se reflete nos nossos alunos de educação profissional, cerca de 70% dos alunos do Senac são formados por mulheres entre 18 e 40 anos, que precisaram se dividir entre aulas on-line e sua jornada compulsória imposta pelo isolamento social.

Então os meios digitais não são o futuro da Educação? A resposta é sim e não! Devemos proporcionar um caminho do meio, é possível interagir, apoiar psicologicamente nossos alunos, gerar engajamento nas salas de aula, estimular o autodidatismo por meio de ferramentas tecnológicas e plataformas de ensino assíncronos, mas também precisamos do contato físico, afinal preparar para o mundo do trabalho também diz respeito a desenvolver competências socioemocionais, lidar com o diferente, mediar conflitos, exercitar a empatia, estimular a cooperação e a colaboração entre pares, essas entre outras habilidades têm um “sabor diferente” nos formatos presenciais, nas discussões em grupos. E é no olho no olho que um líder se destaca no grupo para mediar um conflito, é observando a postura corporal do colega que se percebe que ele não está confortável com uma situação, é no aperto de mão, no abraço e no sorriso que podemos quebrar uma tensão, agradecer pelo apoio ou simplesmente celebrar uma pequena conquista.

Percebemos o quanto essas coisas nos fazem falta, de fato o ensino remoto representou uma alternativa emergencial, no Senac fizemos a melhor das limonadas, convertemos rapidamente para o ensino remoto, mas mantivemos contato com nossos alunos, mantivemos nossos grupos de WhatsApp, tentamos dar suporte, mas isso não é o suficiente, pois estamos todos cansados dessa “presença-distante” do remoto. O nosso caminho do meio é o modelo de educação flexível, modelo de educação híbrida que o Senac propõe para a Educação Profissional, talvez essa seja a nossa terceira margem do rio, uma educação que proporcione um equilíbrio entre o digital e o presencial.

Sidarta Cabral

Gerente de Desenvolvimento e Educação Profissional do Senac CE

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