A Pesquisa do Endividamento do Consumidor de Fortaleza, realizada em junho de 2019, revela que 56,6% dos consumidores da capital cearense possuem algum tipo de dívida. O índice veio +1,9 pontos percentuais acima do indicador do último mês de maio (54,7%), mas permanece abaixo do verificado no mesmo mês do ano passado (62,0%). A pesquisa é feita pela Fecomércio Ceará, através do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento do Ceará (IPDC).
A taxa de inadimplência potencial, ou seja, a proporção de consumidores que não terão condições financeiras para honrar seus compromissos, teve leve aumento de +0,6 pontos percentuais, passando de 8,5%, em maio, para 9,1% neste mês – nível inferior ao observado em junho do ano passado (12,6%).
Diferença entre endividamento e inadimplência
Todo inadimplente está endividado, porém, nem todo endividado está inadimplente. Quando uma pessoa realiza um financiamento bancário ou tem contas no cartão de crédito, por exemplo, ela assume dívidas. No entanto, o que diferencia o endividado do inadimplente é o pagamento desta dívida. Quem tem contas parceladas e realiza o pagamento em dia, significa que está endividado. Porém, aquele que contrai uma dívida e não consegue realizar o pagamento em um prazo de 90 dias, este pode ser considerado inadimplente.
Perfil do Inadimplente
O perfil do consumidor inadimplente mostra preponderância do grupo de consumidores do sexo feminino (inadimplência potencial de 10,6%), com idade acima dos 35 anos (10,4%) e renda familiar inferior a cinco salários mínimos (10,6%).
A proporção de consumidores com contas ou dívidas em atraso subiu +1,8 pontos percentuais, passando de 18,7% dos consumidores em maio, para 20,5% neste mês. Os problemas financeiros afetam mais as mulheres (20,9% dos entrevistados desse gênero afirmaram possuir contas em atraso), os consumidores do grupo com idade entre 25 e 34 anos (24,5%) e do estrato com renda familiar abaixo de cinco salários mínimos (23,4%).
O tempo médio de atraso é de 65 dias e a principal justificativa para o não pagamento das dívidas é o desequilíbrio financeiro – a diferença entre a renda e os gastos correntes – citado por 52,3% dos consumidores. O segundo motivo mais citado é o adiamento por conta do uso dos recursos em outras finalidades, com 38,8%, seguido da perda do prazo para pagamento, por esquecimento (9,4%).
Comprometimento da renda
Em Fortaleza 56,6% dos consumidores possuem algum tipo de dívida. Os instrumentos de crédito mais utilizados pelos consumidores são: cartões de crédito, citados por 74,9% dos entrevistados; financiamento bancário (veículos, imóveis etc.), com 15,7%; carnês e crediários, com 7,0%; empréstimos pessoais, com 6,9%; e cheque especial, com 2,9%.
O consumidor utilizou o crédito para: consumo de itens de alimentação (54,5% das respostas); realização de despesas de educação e saúde (46,9%); aquisição de eletroeletrônicos (36,2%); e compra de artigos de vestuário (31,6%). O valor médio das dívidas está estimado em R$ 1.454, com prazo médio de oito meses, comprometendo 38,2% da renda familiar dos consumidores com o seu pagamento.
Orçamento familiar
A Pesquisa de Endividamento também revela que 80,6% dos consumidores de Fortaleza afirmam fazer orçamento mensal e acompanhamento eficaz dos seus gastos e rendimentos, o que contribui para um melhor controle dos níveis de endividamento. Dos entrevistados, 12,6% relataram que fazem orçamento dos rendimentos, mas sem controle eficaz dos gastos e 6,9% informaram não possuir orçamento e tampouco controle dos gastos.
A falta de planejamento orçamentário é um problema crítico para o controle do endividamento, estando sempre entre um dos principais motivos para o atraso ou inadimplência. Dos fatores que os consumidores consideram que mais contribuem para esse problema, listam-se: a falta de orçamento e controle dos gastos, com 44,5%; o aumento dos gastos considerados essenciais, com 26,3%; o desemprego, com 24,4%; redução dos rendimentos, com 20,3%; gastos imprevistos, com 18,2%; e as compras por impulso, sem necessidade ou além do necessário, com 12,2%.