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Endividamento cai, mas risco de crédito continua elevado

Neste mês de maio, a Pesquisa sobre Endividamento do Consumidor de Fortaleza, realizada pela Federação do Comércio do Estado do Ceará (Fecomércio-CE), revela que 67,9% dos consumidores da capital cearense possuem algum tipo de dívida. O resultado veio 5,1 pontos percentuais abaixo do indicador do último mês de abril (73,0%), mas os indicadores qualitativos do crédito sugerem que o risco de crédito permanece elevado.

Apesar da queda do índice geral de endividamento, houve aumento do percentual de consumidores com dívidas em atraso, crescimento na proporção da renda familiar comprometida com o pagamento de dívidas e da inadimplência potencial, sugerindo atenção por parte daqueles que concedem crédito.

A proporção dos consumidores com contas ou dívidas em atraso teve crescimento de 3,3 pontos percentuais, indo de 22,7%, em abril, para 26,0% neste mês. Os problemas financeiros afetam mais os homens (26,2% afirmam possuir contas em atraso), os consumidores do grupo com idade entre 25 e 34 anos (28,5%) e do estrato com renda familiar abaixo de cinco salários mínimos (28,5%).

O tempo médio de atraso é de 61 dias e a principal justificativa para o não pagamento das dívidas é o desequilíbrio financeiro – a diferença entre a renda e os gastos correntes – citado por 60,7% dos consumidores. O segundo motivo mais citado é o adiamento por conta do uso dos recursos em outras finalidades, com 34,2%, seguido da contestação da dívida (7,4%).

Comprometimento de Renda
Em Fortaleza 67,9% dos consumidores possuem algum tipo de dívida. Os instrumentos de crédito mais utilizados pelos consumidores são: (a) cartões de crédito, citados por 78,3% dos entrevistados; (b) o financiamento bancário (veículos, imóveis etc.), com 15,1%; (c) os empréstimos pessoais, com 9,0%; e (d) os carnês e crediários (8,3%).

O consumidor utilizou o crédito para a compra de:
• Itens de alimentação (52,1% das respostas);
• Eletroeletrônicos (37,5%);
• Artigos de vestuário (31,1%); e
• Realização de despesas de educação e saúde (28,4%).

O valor médio das dívidas é estimado em R$ 1.415 e prazo médio de sete meses, comprometendo 34,2% da renda familiar dos consumidores com o seu pagamento.

Inadimplência potencial
A taxa de inadimplência potencial, ou seja, a proporção de consumidores que não terão condições financeiras para honrar seus compromissos, teve aumento de 2,1 pontos percentuais, passando de 8,0%, em abril, para 10,1%, neste mês.

Essa é a taxa mais elevada dos últimos cinco anos e o perfil do consumidor inadimplente mostra preponderância do grupo de consumidores do sexo masculino (10,6%), com idade entre 25 e 34 anos (11,2%) e renda familiar abaixo de cinco salários mínimos (11,3%).

Orçamento familiar
A Pesquisa de Endividamento também revela que 77,6% dos consumidores de Fortaleza afirmam fazer orçamento mensal e acompanhamento eficaz dos seus gastos e rendimentos, o que contribui para um melhor controle dos níveis de endividamento. 12,6% relataram que fazem orçamento dos rendimentos, mas sem controle eficaz dos gastos e 9,9% dos entrevistados informaram não possuir orçamento e tampouco controle dos gastos.

A falta de planejamento orçamentário é um problema crítico para o controle do endividamento, estando sempre entre um dos principais motivos para o atraso ou inadimplência. Dos fatores que os consumidores consideram que mais contribuem para esse problema, listam-se:

• A falta de orçamento e controle dos gastos, com 37,9%;
• O aumento dos gastos considerados essenciais, com 34,8%;
• As compras por impulso, sem necessidade ou além do necessário, com 25,7%;
• Redução dos rendimentos, com 17,9%;
• Gastos imprevistos, com 16,0%; e
• Compras antecipadas, com 11,8%.

Saiba mais
A pesquisa é realizada mensalmente e tem como objetivo indicar a capacidade de endividamento do consumidor de Fortaleza, visando conhecer o comprometimento financeiro desse, em relação ao comércio local.
Auxilia os empresários a planejarem estratégias de vendas, analisarem situações de risco, entre outras oportunidades. Quatro indicadores distintos são verificados nessa pesquisa: Taxa de Consumidores com Contas ou Dívidas em Atrasos; Taxa de Comprometimento da Renda do Consumidor; Taxa de Inadimplência em Potencial e Planejamento Financeiro e Orçamento Familiar. Mensalmente, cerca de mil consumidores da região metropolitana de Fortaleza são entrevistados pelo IPDC para a realização desta pesquisa.