O tempo médio de atraso é de 64 dias e a principal justificativa para o não pagamento das dívidas é o desequilíbrio financeiro
A Pesquisa do Endividamento do Consumidor de Fortaleza, realizada em janeiro de 2020, revela que 61,4% dos consumidores da capital cearense possuem algum tipo de dívida. Apesar do índice de endividamento estar +0,5 pontos percentuais acima do indicador do último mês de dezembro, as taxas de atraso e de inadimplência melhoraram, trazendo uma perspectiva mais favorável para este início de ano. A pesquisa é feita pela Fecomércio Ceará, através do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento do Ceará (IPDC).
A proporção de consumidores com contas ou dívidas em atraso caiu -1,9 pontos percentuais, passando de 20,2% dos consumidores em dezembro, para 18,3% neste mês – o melhor resultado desde dezembro de 2018 (17,3%). Os problemas financeiros afetam mais as mulheres (19,5% dos entrevistados desse grupo afirmaram possuir contas em atraso), os consumidores do estrato
com idade entre 25 e 34 anos (19,1%) e da classe com renda familiar mensal abaixo de cinco salários mínimos (19,5%).
Diferença entre endividamento e inadimplência
Todo inadimplente está endividado, porém, nem todo endividado está inadimplente. Quando uma pessoa realiza um financiamento bancário ou tem contas no cartão de crédito, por exemplo, ela assume dívidas. No entanto, o que diferencia o endividado do inadimplente é o pagamento desta dívida. Quem tem contas parceladas e realiza o pagamento em dia, significa que está endividado. Porém, aquele que contrai uma dívida e não consegue realizar o pagamento em um prazo de 90 dias, este pode ser considerado inadimplente.
Perfil do Inadimplente
A taxa de inadimplência potencial, ou seja, a proporção de consumidores que não terão condições financeiras para honrar seus compromissos, permaneceu estável em 6,6%. Entretanto, o índice foi inferior ao verificado no mesmo mês do ano passado, de 7,6%, sugerindo uma melhora na qualidade do crédito. O perfil do consumidor inadimplente mostra preponderância do grupo de
consumidores do sexo masculino (inadimplência potencial de 6,9%), do grupo com idade acima dos 35 anos (7,5%) e do estrato com renda familiar mensal inferior a cinco salários mínimos (7,7%).
Infográfico: Endividamento do Consumidor de Fortaleza
Fonte: Pesquisa direta do IPDC
O tempo médio de atraso é de 64 dias e a principal justificativa para o não pagamento das dívidas é o desequilíbrio financeiro – a diferença entre a renda e os gastos correntes – citado por 53,3% dos consumidores. O segundo motivo mais citado é o adiamento por conta do uso dos recursos em outras finalidades, com 38,6%, seguido da contestação da dívida (6,8%).
Comprometimento da renda
Em Fortaleza 61,4% dos consumidores possuem algum tipo de dívida. Os instrumentos de crédito mais utilizados pelos consumidores são: cartões de crédito, citados por 74,6% dos entrevistados; financiamento bancário (veículos, imóveis etc.), com 14,5%; carnês e crediários, com 7,5%; empréstimos pessoais, com 7,3%; e cheque especial, com 1,2%.
O consumidor utilizou o crédito para: consumo de itens de alimentação (46,1% das respostas); realização de despesas de educação e saúde (37,1%); compra de artigos de vestuário (30,9%); e aquisição de eletroeletrônicos (28,9%). O valor médio das dívidas está estimado em R$ 1.487, com prazo médio de oito meses, comprometendo 36,0% da renda familiar dos consumidores com o
seu pagamento, patamar considerado elevado para os padrões históricos do endividamento do cearense.
Orçamento familiar
A Pesquisa de Endividamento também revela que 80,5% dos consumidores de Fortaleza afirmam fazer orçamento mensal e acompanhamento eficaz dos seus gastos e rendimentos, o que contribui para um melhor controle dos níveis de endividamento. Dos entrevistados, 13,3% relataram que fazem orçamento dos rendimentos, mas sem controle eficaz dos gastos e 6,2% informaram não possuir orçamento e tampouco controle dos gastos. A falta de planejamento orçamentário é um problema crítico para o controle do endividamento, estando sempre entre um dos principais motivos para o atraso ou inadimplência. Dos fatores que os consumidores consideram que mais contribuem para esse problema, listam-se: a falta de orçamento e controle
dos gastos, com 49,1%; o aumento dos gastos considerados essenciais, com 19,2%; desemprego, com 17,3%; as compras por impulso, sem necessidade ou além do necessário, com 16,3%; gastos imprevistos, com 15,0%; redução dos rendimentos, com 13,8%; e compras antecipadas, com 11,7%.
Sobre o Instituto
O IPDC, instituição integrante do Sistema Fecomércio, é responsável pela elaboração de estudos e pesquisas, sobretudo de viés econômico, fornecendo dados referentes ao comportamento do consumidor. As informações do IPDC auxiliam nas ações de planejamento e desenvolvimento das empresas.