A Pesquisa de Endividamento do Consumidor de Fortaleza mostra que 75,7% dos consumidores da capital cearense estão endividados. O percentual é referente ao bimestre setembro/outubro de 2023 e apresenta uma leve redução de 0,4 pontos percentuais em relação ao resultado do bimestre anterior (76,1%) e também abaixo do índice observado no mesmo período do ano passado (76,6%). O levantamento é realizado pela Fecomércio-CE, através do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento do Ceará (IPDC).
A incidência de consumidores com contas pendentes ou dívidas em atraso registrou um aumento de 1,3 ponto percentual, passando de 22,4% no bimestre julho/agosto para 23,7% no período atual. Essa tendência reflete as dificuldades enfrentadas para cumprir obrigações financeiras, com impactos mais pronunciados entre as mulheres, com 23,9% dos entrevistados deste grupo admitindo a presença de contas em atraso. Além disso, destacam-se os consumidores com idade acima de 35 anos, com uma proporção de 26,5%, e aqueles pertencentes ao estrato de renda familiar mensal de até cinco salários-mínimos, com 24,5%.
O tempo médio de atraso é de 80 dias e a principal justificativa para o não pagamento das dívidas é o desequilíbrio financeiro, citado por 48,3% dos entrevistados. O segundo motivo mais mencionado é a necessidade de se adiar o pagamento, para uso dos recursos em outras finalidades, com 45,7% das respostas, seguido da contestação das obrigações (4,2%) e da perda de prazo por esquecimento (1,8%).
Comprometimento da renda
Em Fortaleza, os consumidores destinam, em média, 43,2% da renda familiar para liquidar dívidas, evidenciando um acréscimo de 0,4 pontos percentuais na taxa de comprometimento em comparação ao bimestre precedente (42,8%). No entanto, esse índice se apresenta menor do que o registrado no mesmo período do ano anterior (47,1%). Apesar do crescimento observado no último bimestre, persiste uma tendência constante de redução no comprometimento da renda, alinhando-se com a trajetória de recuperação da atividade econômica.
Os instrumentos de crédito mais utilizados pelos consumidores são: cartões de crédito, citados por 78,6% dos entrevistados; financiamento bancário (veículos, imóveis etc.), com 18,3%; empréstimos pessoais, com 9,8%; carnês e crediários, com 2,4%; e cheque especial, com 1,2%.
Os resultados da pesquisa revelam que são os gastos correntes que predominantemente contribuem para o endividamento, com uma ênfase significativa na aquisição de alimentos a prazo, mencionada por 56,8% dos entrevistados. Além disso, observa-se o comprometimento financeiro com o aluguel residencial (28,5%), a cobertura de despesas relacionadas à saúde (24,7%) e a compra de itens de vestuário (23,3%). A média das dívidas é de R$ 1.821, com um prazo médio de pagamento de oito meses.
Inadimplência potencial
A taxa de inadimplência potencial, que indica a proporção de consumidores que enfrentarão dificuldades financeiras para cumprir suas obrigações, registrou um aumento de 1,8 ponto percentual em comparação com o bimestre julho/agosto, chegando a 12,1% na última medição.
O perfil do consumidor em situação de inadimplência revela uma predominância no segmento masculino, com uma taxa de inadimplência potencial de 12,3%. Além disso, destaca-se o grupo etário com mais de 35 anos, com um índice de 14,6%, bem como o estrato de renda familiar mensal acima de dez salários-mínimos, que apresenta uma taxa de 14,8%.
Orçamento familiar
A pesquisa ainda revela que 74,7% dos consumidores de Fortaleza afirmam fazer orçamento mensal e acompanhamento eficaz dos seus gastos e rendimentos, o que contribui para um melhor controle dos níveis de endividamento. Dos entrevistados, 13,7% relataram que fazem orçamento dos rendimentos, mas sem controle eficaz dos gastos, e 11,6% informaram não possuir orçamento e tampouco controle dos gastos.
A falta de planejamento orçamentário é um problema crítico para o controle do endividamento, estando sempre entre um dos principais motivos para o atraso ou inadimplência. Dos fatores que os consumidores consideram que mais contribuem para a problemática do endividamento, listam-se:
Portanto, a pesquisa mostra a necessidade de conscientização sobre a importância do planejamento financeiro como um meio fundamental para mitigar os desafios associados ao endividamento e para alcançar uma gestão financeira mais saudável e sustentável.