Quanto mais próximos estiverem, mais fortes os artesãos e artesãs loiceiras do Ceará irão se tornar. Ao conhecer o artesanato uns dos outros, podem descobrir novos manuseios para o barro, formar novas parcerias e motivar toda a rede produtiva a continuar o ofício tradicional. No Herança Nativa, o Sesc organiza o primeiro encontro estadual destes artífices, com participação loiceiras e loiceiros de Amontada, Cascavel, Crato, Indendência, Ipu, Juazeiro do Norte, Limoeiro do Norte, Monsenhor Tabosa e Viçosa do Ceará.
A produção de louças de barro exige conhecimentos específicos sobre o tipo de matéria-prima, as etapas de beneficiamento, a “queima” da peça, entre outros. Muitos produtores dominam estas técnicas desde a infância e estão dispostos a compartilhá-las nas demonstrações do I Encontro de Loiceiras do Ceará, que acontece dia 28 de agosto, a partir das 9h30, no Sesc Iparana Hotel Ecológico.
Uma das participantes é a Mestra da Cultura, Maria Quirino da Silva, de 79 anos. Mestra Tarina mora em Moita Redonda, localidade de Cascavel tradicional produtora de artesanato em barro. Desde os oito anos de idade, sua labuta diária é amassar, cortar, modelar, queimar o barro em fornalhas para transformá-los em gamelas, potes, panelas, cumbucas, entre outros utensílios artesanais. Modelou também instrumentos musicais de barro para a Orquestra do Grupo Uirapuru, que se apresenta dia 28 de agosto, às 17h30.
O barro vermelho que a artesã utiliza vem da cidade de Choró, já o barro branco é coletado no açude perto de onde mora, mas foram necessários mais de 70 anos de prática para saber qual a melhor mistura e aplicação para cada um deles. “Ensinei a muita gente o trabalho no barro”, diz ela. A mestra lembra que a venda do artesanato foi o arrimo para a sua família: “Criei todos meus 15 filhos com o trabalho no barro. Queimava toda sexta-feira e de madrugada ia para a feira vender”, diz.
Experiências coletivas
Na cidade de Viçosa, os artesãos loiceiros formaram uma associação e descobriram as vantagens de trabalhar coletivamente. Vanessa Emídio do Nascimento integra este grupo, ela explica que as peças são feitas individualmente, mas todos se revezam nas etapas mais cansativas e demoradas, como a queima nas fornalhas, que demora mais de oito horas. “Na hora de enfornar, todo mundo ajuda”, diz ela. Há mais de vinte anos, as peças feitas no Sítio Tope, no alto da Serra da Ibiapaba, são vendidas na Central de Artesanato do Ceará (CeArt), gerando renda para as pessoas do lugar.
Ela representará sua cidade no Encontro de Loiceiras e pretende dividir o que sabe e aprender com os outros. “Conhecer pessoas, ter outras ideias é muito importante”, afirma Vanusa.
O Encontro vai mostrar as peças específicas de cada região do Estado, como o cavalinho de barro feito pela Família Cariri, do Crato, também terá a apresentação da Orquestra de Barro de Cascavel, às 17h30 em Iparana.
Serviço:
I Encontro Sesc de Loiceiras do Ceará no Herança Nativa
Data: 28/8 (terça-feira)
Horário: 10h30
Local: Sesc Iparana Hotel Ecológico (Rua José Alencar, nº 150 – Praia de Iparana – Caucaia-CE)
Encontro Herança Nativa
Data: 26 a 29 de agosto
Local: Sesc Iparana Hotel Ecológico (Rua José Alencar, nº 150 – Praia de Iparana – Caucaia-CE
Sobre os 70 anos do Sistema Fecomércio
Após o período da Segunda Guerra o Brasil passou por grandes desafios. O Estado não conseguia atender à crescente demanda por serviços sociais, nem acompanhar o novo contexto do mercado de trabalho. Deste modo, em maio de 1945, representantes empresariais da indústria, comércio e agricultura, realizam em Teresópolis, a primeira Conferência das Classes Produtoras (CONCLAP). Nesse encontro elaboram uma proposta ousada de custeio dos serviços sociais e da educação profissional para os trabalhadores com recursos das classes patronais. A Carta da Paz Social foi o documento que formalizou as diretrizes para o desenvolvimento econômico com justiça social. Nascia assim, a partir da iniciativa do empresariado, o Sistema S, o maior Sistema de desenvolvimento social do mundo.
No Ceará, em 16 de março de 1948, o empresário Clóvis Arrais Maia fundou a Federação do Comércio com a finalidade de unir lideranças do setor para colaborarem com a educação profissional e a qualidade de vida dos trabalhadores. No mesmo ano, a Fecomércio implanta o Sesc e o Senac instituições mantidas pelos empresários do comércio que ofertam serviços sociais e educam para o comércio de bens, serviços e turismo.