De acordo com a célebre obra do Barão de Montesquieu, o Espírito das Leis, uma consequência natural do comércio entre as nações é promover a paz. Duas nações que comercializam entre si tornam-se reciprocamente dependentes, pois se uma tem interesse em comprar, a outra tem interesse em vender.
Dentro desse contexto histórico e observando a importância que o comércio internacional continua a ter, cabe uma pergunta fundamental: como estamos do ponto de vista da nossa inserção no comércio internacional? Primeiro, é importante ressaltar que o Brasil é hoje a décima maior economia do planeta, com um PIB aproximado de US$2,1 trilhões de acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI). Demograficamente, também somos o 6º maior mercado consumidor, com 212 milhões de habitantes.
Apesar de todas essas características positivas, infelizmente a inserção internacional do Brasil dentro das exportações e importações mundiais ainda é muito limitada. Segundo dados atualizados da Organização Mundial do Comércio (OMC), o Brasil ocupa a 27ª posição, o que nos
relega a participação de apenas 1,2% do comércio internacional de mercadorias.
A solução para a situação em que nos encontramos hoje não é simples, porém é possível que possamos dividi-la em alguns fatores. Os fatores internos são aqueles que nações como China ou Japão e outros usaram como base fundamental não apenas para o comércio internacional, mas para o desenvolvimento da sociedade como um todo: a alfabetização
funcional universal, no desenvolvimento da educação básica e média de qualidade como medida que servirá de suporte para a inovação.
No plano externo, todas as nações que evoluíram suas participações no comércio internacional definiram estratégias nacionais de longo prazo,
modelos de projeção do poder econômico e político de suas nações que transcenderam governos e se tornaram efetivas políticas de Estado. Podemos caracterizar tais estratégias como políticas geoeconômicas, ampliando o poder de uma nação no comércio global.
Essas estratégias passam por ações que ainda não conseguimos realizar, porém são essenciais para que possamos aumentar nossa participação no
cenário internacional. O Estado brasileiro deve agir como um parceiro das grandes empresas, sejam elas estatais ou privadas, para se internacionalizarem, seja pelo aumento das exportações ou pela aplicação do investimento direto estrangeiro. É necessário que a reforma tributária e federativa ocorra para que possamos nos adequar aos modelos da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e assim diminuirmos nossas barreiras tarifárias, que nos tornam uma das nações mais fechadas do mundo aos produtos importados.
A política externa comercial brasileira não precisa “reinventar a roda”, pois os Estados Unidos se basearam no exemplo do Reino Unido,
a China se baseou no modelo do Japão, e muitos outros países desenvolveram políticas próprias adaptando-se a elementos já existentes. O que nos falta como nação para ampliar nossa participação na inserção internacional são reformas, reformas e mais reformas.