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Entrevista com Geraldo Azevedo

Por Ascom, 26/09/25 - 17:10

Destaque

Aos 80 anos, Geraldo Azevedo carrega em sua voz e em seu violão a poesia das paisagens nordestinas que o inspiram desde a infância. Para comemorar as oito décadas de vida, o cantor e compositor pernambucano sai em turnê enquanto lança novas canções ao longo de 2025, reafirmando o compromisso de seguir contando, em cada acorde,
a história do Brasil que pulsa entre o sertão e o mar. Foi também essa animação que ele levou a diversos eventos do Sesc, onde encantou plateias e celebrou a diversidade das raízes culturais.

Autor de clássicos como “Dia Branco”, “Táxi Lunar” e “Moça Bonita”, o trovador pernambucano enxerga na união entre os cenários do sertão e do litoral uma metáfora de sua própria obra, que sempre transitou por ritmos e afetos do Nordeste.

Ao longo de 2024, o artista participou de eventos no Sesc Ceará. Durante o circuito do Encontro Sesc Povos do Mar, em Jericoacoara, Geraldo conversou conosco e compartilhou um pouco da sua conexão com o estado.

Como se sente ao participar do Encontro Sesc Povos do Mar, um evento que une as culturas do mar e do sertão, ambientes tão presentes em suas composições?

Geraldo Azevedo: É uma alegria imensa. Costumo dizer que o Sesc é quase um segundo Ministério da Cultura, pela forma como apoia e difunde as artes. Durante a pandemia, por exemplo, pude realizar lives
por meio da instituição, mantendo a conexão com o público em um momento tão difícil.

Ter participado deste evento em Jericoacoara foi especial porque uniu duas forças que sempre inspiraram minha obra: o sertão e o mar. Embora eu seja do sertão pernambucano, o mar sempre exerceu um fascínio em mim. Minha música “Barcarola do São Francisco” é justamente essa travessia do sertão para o mar. Estar aqui, nesse encontro que celebra os
povos do mar, é como fechar um ciclo de inspirações.

O evento destaca mestres das comunidades, valorizando tradições na gastronomia, artesanato e música. Como você enxerga a importância de promover e preservar essas tradições?

GA: As tradições orais, os saberes passados de geração em geração, são tesouros que precisam ser preservados. Quando eventos como este dão voz aos mestres e às comunidades tradicionais, estamos fortalecendo nossa identidade cultural brasileira.

Há uma riqueza imensa na culinária, nas artes plásticas e na dança. O Ceará, por exemplo, tem uma tradição culinária fortíssima. No Rio de
Janeiro, onde moro, muitos dos profissionais da gastronomia são cearenses, o que mostra a influência e a competência que vêm daqui.

Você mencionou sua longa parceria com o Sesc. Como vê o papel de instituições como o Sesc e o Senac na promoção da cultura brasileira?

GA: São fundamentais. O Sesc e o Senac atuam em várias frentes, proporcionando acesso à cultura, educação e formação profissional. Eles chegam a lugares onde, muitas vezes, o poder público não alcança. O Sesc, em especial, sempre abriu portas para artistas de todas as regiões, oferecendo estrutura e espaço para que a arte chegue ao povo. Isso é vital
para manter viva a chama da cultura nacional.

As tradições orais são uma marca forte nas culturas do sertão e do mar. Como essa tradição influenciou sua formação musical e o que ela representa para a cultura brasileira?

GA: Cresci ouvindo histórias, cantigas, lendas que eram passadas de boca em boca. Isso moldou minha forma de ver o mundo e de compor. O mar,
por exemplo, é fonte inesgotável de inspiração. Os pescadores têm narrativas incríveis, cheias de imaginação e poesia.

O sertão e o mar são dois universos que se complementam na minha música. A tradição oral mantém vivas essas histórias e é essencial para a
preservação da nossa identidade cultural.

Você acredita que eventos como o Encontro Sesc Povos do Mar contribuem para a disseminação e valorização dessas culturas?

GA: Com certeza. Eventos como este são fundamentais para dar visibilidade às culturas locais e regionais. Eles permitem que as pessoas
conheçam e valorizem as tradições, os mestres, os artistas que muitas vezes não têm espaço na mídia convencional. Além disso, promovem o
intercâmbio cultural, fortalecendo os laços entre as comunidades e enriquecendo nossa diversidade.

 

Sesc e a Cultura

A presença de Geraldo Azevedo nos palcos do Sesc reflete os contínuos
esforços do Sistema Fecomércio Ceará, que, por meio do Sesc, tem um
papel fundamental na preservação e promoção das culturas locais. Somente em 2024, a instituição realizou 6.834 ações culturais nas áreas de artes cênicas, música, literatura, artes visuais, audiovisual e tradições
populares, alcançando um público superior a 4,6 milhões de pessoas.

Para o diretor Regional do Sesc, Henrique Javi, esses números representam muito mais do que simples estatísticas: eles refletem
a concretização de uma política cultural potente, que valoriza
saberes tradicionais e impulsiona o surgimento de novas ações.

“Receber artistas como Geraldo Azevedo em nossos projetos reforça
o quanto acreditamos no poder da cultura nordestina para unir pessoas,
inspirar talentos e preservar a memória de um povo. O Sistema
Fecomércio vê nessa diversidade a chave para o desenvolvimento social”, destaca Javi.