Tradicionalmente, os jovens são os mais atingidos pelo desemprego no País, seja por conta da falta de experiência ou por não terem nível de escolaridade desejado pelas empresas. Apesar disso, a faixa etária de 18 a 24 anos foi a única que teve saldo positivo de emprego formal no Ceará em abril deste ano e no acumulado de janeiro a abril de 2017. Os dados fazem parte do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
Isso significa que em todas as outras faixas etárias houve saldo negativo de emprego com carteira assinada no Estado.
Segundo o Caged, os jovens de 18 a 24 anos tiveram saldo positivo de 1.442 vagas de trabalho em abril. Neste caso, houve mais contratações do que demissões no período. Entre os trabalhadores de 25 a 29 anos houve saldo negativo de 121 vagas. Já entre 30 e 39 anos, o resultado pessimista foi ainda maior, menos 614 vagas.Entre 40 e 49 anos foram menos 594 empregos formais fechados. O pior resultado foi entre os trabalhadores na faixa de 50 a 64 anos. Entre estes foram 690 menos vagas. Na última faixa etária, de 65 anos ou mais, foram fechadas 98 vagas, no Estado no mês de abril.
Acumulado do ano
De janeiro a abril, ainda segundo dados do Caged, o saldo foi positivo em 5,6 mil empregos entre os jovens de 18 a 24 anos no Ceará. Nas demais faixas etárias os resultados foram negativos para o período.
“No caso dos jovens foram 38,4 mil novas admissões contra 32,9 mil desligamentos. O Estado, neste cenário, está contratando mais jovens com até 24 anos”, diz o analista de Mercado de Trabalho do Sistema Nacional de Empregos/Instituto de Desenvolvimento do Trabalho (Sine/IDT), Mardônio Costa.
Segundo ele, o resultado não deixa de ser um impacto positivo porque a taxa de desemprego entre os jovens é bastante elevada. “Isso contribui para amenizar o desemprego crescente em todas as faixas de idade”. Costa ainda explica que o saldo positivo também não deixa de retratar as incertezas na economia. “A contratação de jovens acontece na medida em que eles têm os salários menores. O custo de contratação é menor, o custo de demissão é menor. É conveniente para o empregador contratar os mais jovens nesta conjuntura”.
Nos quatro primeiros meses deste ano, foram fechadas 3,4 mil vagas de emprego formal entre os trabalhadores de 25 a 29 anos no Estado. Já entre 30 e 39 anos, foram perdidos 6,7 mil empregos. E entre 40 e 49 anos o saldo negativo foi de 4,1 mil vagas com carteira assinada.
“Este cenário é fruto da conjuntura, com forte retração da atividade econômica. Em 2017, a economia dá sinais de recuperação, mas sem muita consistência. O mercado de trabalho ainda vai demorar a se recuperar. É a última variável a apresentar melhora”, finaliza o analista.
Resultados gerais. Apenas em abril, o Estado perdeu 675 vagas de emprego, registrando queda de 0,06% em relação a março, o que denota uma certa estabilidade no mercado de trabalho local. De acordo com dados do Caged, foram 26.576 admissões contra 27.206 demissões no período. Este é o melhor resultado para o mês no Ceará em três anos.
Entre os estados do Nordeste, só a Bahia (0,35%) e o Piauí (0,13%) tiveram saldo positivo no último mês. O Ceará (-0,06%) aparece com o segundo menor recuo, atrás de Sergipe (-0,05%). Com -1,23%, a maior queda foi observada no estado de Alagoas. A desaceleração no mercado de trabalho cearense foi puxada pelo desligamento de funcionários nos setores da construção civil (-491 vagas); comércio (-252); indústria de transformação (-184); e agropecuária (-132). Todos os demais setores apresentaram saldo positivo: serviços (177); administração pública (113); serviços industriais de utilidade pública (89); e extrativa mineral (5). Já no acumulado de janeiro a abril, o saldo negativo ultrapassa 12 mil vagas. Foram 124,8 mil admissões contra 137 mil desligamentos, queda de 1,04% diante do resultado do mesmo período ano passado.
Fonte – Diário do Nordeste