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Desequilíbrio financeiro é o principal fator de endividamento

De acordo com a Pesquisa do Endividamento do Consumidor de Fortaleza, realizada pela Federação do Comércio do Estado do Ceará (Fecomércio-CE), em junho de 2017, 65,8% dos consumidores da capital cearense possuem algum tipo de dívida. O índice veio -1,6 pontos percentuais abaixo do indicador do último mês de maio (67,4%) e inferior ao índice de junho do ano passado (73,8%). Mesmo com a queda, o consumidor relata que o desequilíbrio financeiro é o principal fator de endividamento.

A proporção dos consumidores com contas ou dívidas em atraso teve leve aumento de +0,1 ponto percentual, passando de 22,3%, em maio, para 22,4% neste mês. Segundo a pesquisa, os problemas financeiros afetam mais as mulheres, com 23% dos entrevistados desse grupo afirmando possuir contas em atraso; os consumidores do grupo com idade ente 25 e 34 anos (25,9%) e do estrato com renda familiar abaixo de cinco salários mínimos (23,3%).

A crise econômica que afeta o país trouxe muitas dificuldades para o gerenciamento das dívidas pelo consumidor, colaborando para a perda da qualidade do crédito e desarranjo dos orçamentos familiares. A pesquisa revela que o ponto mais crítico foi atingido em junho de 2016, quando a taxa de consumidores com contas em atraso atingiu o pico de 28,1%. No segundo semestre do ano passado iniciou-se um movimento de acomodação gradual, que continua neste início de ano.

Outro detalhe observado no levantamento é que o tempo médio de atraso é de 64 dias e a principal justificativa para o não pagamento das dívidas é o desequilíbrio financeiro – a diferença entre a renda e os gastos correntes – citado por 60,2% dos consumidores. O segundo motivo mais citado é o adiamento por conta do uso dos recursos em outras finalidades, com 35,3%, seguido da contestação da dívida (7,0%).

Em Fortaleza, segundo a pesquisa, 65,8% dos consumidores possuem algum tipo de dívida. Os instrumentos de crédito mais utilizados pelos consumidores são: cartões de crédito, citados por 80,1% dos entrevistados; financiamento bancário (veículos, imóveis etc.), com 11,6%; empréstimos pessoais, com 10,2%; e carnês e crediários, com 8,2%.

A pesquisa aponta ainda que o consumidor utilizou o crédito para: consumo de itens de alimentação (56,4% das respostas); aquisição de eletroeletrônicos (34,0%); compra de artigos de vestuário (33,8%); e realização de despesas de educação e saúde (33,6%).
O valor médio das dívidas, de acordo com o levantamento, é estimado em R$ 1.306, com prazo médio de sete meses, comprometendo 35,1% da renda familiar dos consumidores com o seu pagamento.

Inadimplência potencial
Já em relação à taxa de inadimplência potencial, ou seja, a proporção de consumidores que não terá condições financeiras para honrar seus compromissos, a pesquisa revela que teve redução de -0,8 pontos percentuais, passando de 9,6%, em maio, para 8,8% neste mês. O resultado também é inferior à taxa de junho do ano passado (9,8%) e à média dos últimos doze meses (9,5%), sugerindo tendência de queda do indicador.

O perfil do consumidor inadimplente, conforme a pesquisa, é maior no grupo de consumidores do sexo masculino (inadimplência potencial de 9,6%), com idade acima de 35 anos (10,5%) e renda familiar inferior a cinco salários mínimos (9,3%).

Orçamento familiar
A Pesquisa de Endividamento também revela que 75,8% dos consumidores de Fortaleza afirmam fazer orçamento mensal e acompanhamento eficaz dos seus gastos e rendimentos, o que contribui para um melhor controle dos níveis de endividamento. Dos entrevistados, 12,9% relataram que fazem orçamento dos rendimentos, mas sem controle eficaz dos gastos e 11,3% informaram não possuir orçamento e tampouco controle dos gastos.

A falta de planejamento orçamentário é um problema crítico para o controle do endividamento, estando sempre entre um dos principais motivos para o atraso ou inadimplência. Dos fatores que os consumidores consideram que mais contribuem para esse problema, estão: a falta de orçamento e controle dos gastos, com 37,4%; as compras por impulso, sem necessidade ou além do necessário, com 32,6%; o aumento dos gastos considerados essenciais, com 28,9%; compras antecipadas, com 17,9%; redução dos rendimentos, com 13,9%; gastos imprevistos, com 12,0%; e desemprego, com 11,6%.

Saiba mais
O Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento do Comércio (IPDC) da Fecomércio-CE foi criado para suprir a ausência de informações práticas e de dados estatísticos confiáveis que auxiliassem as ações de planejamento e de desenvolvimento das empresas do segmento de comércio de bens, serviços e turismo. O Instituto realiza e desenvolve pesquisas, sobretudo, de viés econômico, fornecendo dados referentes ao comportamento do consumidor, a situação econômica do comércio local e as tendências de mercado e de consumo dos fortalezenses.

A pesquisa de Endividamento é realizada mensalmente e tem como objetivo indicar a capacidade de endividamento do consumidor de Fortaleza, visando conhecer o comprometimento financeiro desse, em relação ao comércio local. Quatro indicadores distintos são verificados nessa pesquisa: Taxa de Consumidores com Contas ou Dívidas em Atrasos; Taxa de Comprometimento da Renda do Consumidor; Taxa de Inadimplência em Potencial e Planejamento Financeiro e Orçamento Familiar. Mensalmente, cerca de mil consumidores da região metropolitana de Fortaleza são entrevistados pelo IPDC para a realização desta pesquisa.